Impacto do isolamento social na sexualidade

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COVID-19: Uma doença pandêmica que mudou tudo. Se o receio do vírus determinou uma revolução em todos os nossos procedimentos diários, o combate à doença impôs outra a nível global: o isolamento quase total.

Manifestações do isolamento na nossa vida sexual

Mais tempo em casa – para quem o home office é viável –, pode ser visto, em um primeiro momento, como uma chance do casal passar mais tempo junto e se aproximar. Com o tempo, esse realidade se revelou sufocante e opressiva em alguns casos. E é claro que isso trouxe consequências para todos os tipos de relacionamentos e também interferiu na sexualidade. Até porque, quando a saúde mental é posta à prova, todos os outros aspectos da vida sofrem consequências diretas.

Mesmo havendo inúmeras realidades – em função de diferentes tipos de entendimento amoroso, de personalidade e até de especificidades profissionais, e de inúmeras circunstâncias, perante as quais cada pessoa reage de forma diferente –, entre casais que dividem a mesma casa e se encontram ambos trabalhando remotamente, os terapeutas apontam como mais comuns dois tipos de situação.

1 – Lado positivo

Há quem conseguiu aprofundar os laços, voltar a romantizar a relação e aumentar o tempo disponível para a exploração sexual. Para estes sortudos, o isolamento trouxe mais proximidade, melhorou a vida sexual e foi muito proveitoso. O relacionamento foi reforçado e houve um redescobrimento dos pontos da união e da satisfação pessoal e amorosa. Sendo o sexo uma válvula de escape para estados de ansiedade, estes casais conseguiram ainda mais ferramentas para lidar melhor com o isolamento.

2 – Lado negativo

Pessoas ansiosas, medrosas e mais pessimistas viram o seu impulso sexual refreado, e casais com relações conflituosas, mais longas ou saturadas, que entram em rota de colisão com mais facilidade, encontraram na ‘hiperconvivência’ e no tempo dividido lado a lado aliados para brigas e afastamentos. Irritabilidades e discussões mais frequentes acabam se intrometendo na qualidade da vida íntima e diminuindo — ou anulando — a vida sexual.

Lado criativo

Entre os mais apaixonados e criativos, houve disponibilidade e vontade para minimizar os danos e dar a volta por cima, aumentando os níveis de intimidade. Casais – sejam unidos pelo matrimônio ou amantes clandestinos – obrigados a permanecer em casas separadas, desenvolveram formas criativas e apaixonadas de satisfazer a sua vida sexual, mesmo à distância. Para isso, as novas (bom, já não tão novas assim) tecnologias foram usadas. Videochamadas, sexting, nudes, sexo por telefone ou vídeo… As ferramentas que temos em mãos são muitas, mesmo quando não usadas com os cônjuges e, sim, com novas parcerias virtuais, como uma forma de manter a atividade sexual viva e saudável.

Masturbação, sexo virtual e amantes online

Uma consequência direta do impacto do isolamento na sexualidade está nas formas em que as pessoas, agora, procuram pela satisfação sexual. Na inexistência ou ausência de um parceiro, a masturbação, o sexo virtual e a busca de amantes online são fontes de prazer privilegiadas, recomendadas para manter a sanidade mental e evitar sobrecarga de estresse, ansiedade e estados depressivos. Governos, como o argentino, e cidades como Nova Iorque – apenas como exemplo, já que não foram casos isolados –, recomendaram que as pessoas usassem a masturbação e o mundo virtual para se satisfazerem sexualmente, já que estas são formas mais
seguras e únicas de evitar a propagação do vírus.

Tendo em vista a manutenção da sanidade mental durante o isolamento, e porque somos o nosso parceiro sexual mais seguro, sexólogos reforçam a importância da masturbação para se ter uma vida sexual satisfatória. Ela não é apenas uma substituta eficaz no caso de parceiros ausentes, como é também um excelente manual de aprendizagem do prazer individual, o que, consequentemente, também melhora a vida sexual a dois. Quando conhecemos melhor o nosso próprio corpo e aquilo que nos dá prazer, fica muito mais fácil expressarmos aos nossos amantes aquilo que desejamos. Além disso, a masturbação liberta endorfinas – hormônios da felicidade e do bem-estar –, agindo diretamente no alívio do estresse e da ansiedade, que são resultados do isolamento.

Inexplicavelmente, dentro do casamento, acabam surgindo rotinas e constrangimentos que impedem a livre expressão daquilo que nos dá mais prazer. Os amantes clandestinos não conhecem essas travas, já que a procura de um parceiro secreto é, muitas vezes, motivada pela necessidade da livre expressão sexual, sem medo de julgamentos. Sem dúvida, essa é uma das vantagens da infidelidade e está na base do sucesso atual de sites de encontros entre pessoas casadas, como o Second Love, onde os amantes se apresentam e esclarecem desde o ínicio o que procuram, com o propósito de alcançar uma plena satisfação mais sexual, sem medos ou constrangimentos. É um dado curioso, mas a verdade é que os amantes clandestinos são mais desinibidos e pragmáticos.

Brinquedos sexuais – parceiros seguros

Sim! Seja sozinho ou acompanhado, os brinquedos sexuais estão sendo cada vez mais procurados e usados nos jogos sexuais. Por conta da pandemia e pela facilidade da compra anônima, dildos e vibradores estão em alta. Eles fazem com que a masturbação seja mais atrativa e menos monótona, e possuem um papel importante no sexo virtual, seja por telefone ou videochamada. Mesmo quando não são compartilhados, eles requerem, nesta fase, maiores cuidados de higiene, assim como qualquer outro ato sexual, seja com o parceiro primário ou com amantes regulares. Recomenda-se uma higienização rigorosa de todos os brinquedos antes e depois de sua utilização. Assim como as mãos, eles devem ser cuidadosamente lavados com água e sabão durante, pelos menos, vinte segundos.

Relaxar e adaptar

Para lidar com o isolamento, é importante manter uma vida sexual ativa e, se possível, criativa, mesmo que seja usando o computador como mediador. O tempo que estamos vivendo é propício ao autoconhecimento, à descoberta e à experimentação. Amantes que estão separados podem aproveitar para conversar sobre o que querem melhorar na relação, fazendo com que o tempo de afastamento fique ainda mais excitante. Bom, mas acima de tudo, relaxem e tentem ver o lado positivo da situação, sabendo que tudo isto é apenas um intervalo na vida sexual presencial, e não o fim dela. Como tudo na vida, adaptação é a palavra chave, e há mais de uma forma de encontrar satisfação sexual. É só você abrir a mente e estar disponível.

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